O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta sexta-feira (13) que o presidente Jair Bolsonaro telefonou para ele do hospital, “entubado”, para dizer que não quer a criação de uma nova Contribuição Provisória Sobre Movimentação Financeira (CPMF).
“Estávamos simulando um imposto de transação financeira, só que o presidente sempre foi contra esse imposto e pediu pra não colocar”, afirmou Guedes em entrevista a correspondentes estrangeiros no Rio de Janeiro, da qual a Reuters participou.
O ministro confirmou que a equipe econômica trabalhava com uma alíquota de 0,4% para o tributo sobre pagamentos, mas, mostrando irritação, afirmou que os números não deveriam ter sido levados a público ainda.
Segundo Guedes, o ex-secretário especial da Receita Federal, Marcos Cintra, exonerado esta semana, já havia pedido para deixar o cargo “inúmeras vezes” por achar que estava atrapalhando o governo.
“Eu dizia: se você tiver que cair um dia que caia junto com o imposto”, afirmou Guedes.
A exoneração de Marcos Cintra do cargo de secretário da Receita Federal foi publicada na noite desta quinta-feira (12) em edição extra do “Diário Oficial da União”. O decreto é assinado pelo presidente da República em exercício, Hamilton Mourão e pelo ministro Paulo Guedes.
A demissão de Cintra foi confirmada um dia depois da divulgação pelo secretário-adjunto da Receita, Marcelo de Sousa Silva, de um imposto nos moldes da extinta CPMF.
Bolsonaro teria ficado insatisfeito quando soube da apresentação feita pelo secretário-adjunto. Essa exposição pública de uma proposta ainda em discussão resultou na demissão de Marcos Cintra.
A CPMF foi um imposto que existiu até 2007 para cobrir gastos do governo federal com projetos de saúde – a alíquota máxima foi de 0,38% sobre cada operação. Em 2015, o governo, então sob comando da presidente Dilma Rousseff, chegou a propor a volta do tributo, mas isso acabou não acontecendo.
A CPMF é considerada “impopular” e “antipática” por tributaristas. Diferentemente dos impostos sobre os preços de produtos e serviços, essa cobrança aparece no extrato bancário do contribuinte.
g1