O ex-diretor da Odebrecht Ambiental, Alexandre José Lopes Barradas, detalhou durante sua delação premiada como foi seu encontro com o então candidato a prefeitura e Teresina Firmino Filho (PSDB), o pedido de doação de campanha e o pagamento de caixa 2 por meio de um primo do tucano. O encontro e a doação irregular teriam acontecido durante segundo semestre de 2012.
Além de Barradas, o Ministério Público Federal afirma que o delator José de Carvalho Filho também relatou o repasse de caixa 2 para Firmino Filho. Segundo o MPF, o tucano teria recebido um total de R$ 500 mil. Os autos das delações foram enviados para o Tribunal Regional da 1º Região, onde o atual prefeito de Teresina será investigado.
No depoimento de Alexandre Barradas, feito ao Ministério Público Federal (MPF), o delator contou que se encontrou com Firmino Filho em restaurante no Aeroporto de Brasília, oportunidade em que o tucano deixou claro que contava com a ajuda financeira da Odebrecht.
“Após essa conversa, o candidato então as vezes diz: ‘olha, com quanto o sr ajuda?’, outros pedem mais diretamente… No caso de Firmino ele disse ‘olha, eu estou aqui, estou lutando, acho que tenho grandes chances’, nesse momento ele não estava tão bem. ‘Mas, se você puder ver como pode ajudar’. A empresa já tinha ajudado ele, de fato, inclusive, está lá na empresa de forma oficial, a pedido do próprio PSDB nacional”, afirmou o ex-diretor.
Segundo Barradas, o prefeito deixou claro que queria dinheiro para a campanha, mas não mencionou o valor pretendido. O delator afirmou ainda que Firmino pegou seu contato telefônico e que um primo dele chamado “Alberto” entraria em contato.
“Então esse primo dele iria me contatar em um momento oportuno para ver depois. Dito e feito. Mais para agosto (de 2012), já com a campanha mais andada, eu recebi uma ligação do Alberto e ele disse: ‘Olha, estou com uma notícia, nosso candidato virou. Ele caminhou e está na frente. A luta agora é grande. Precisamos de sua ajuda’. Eu disse ok, deixa eu entender melhor o assunto. Voltei à minha conversa com o Fernando (Reis). Dentro desse espírito de marcar uma pessoa que pudesse estar presente e pudesse ter a possibilidade de gerar alguma coisa, porque imediatamente, a gente sabia que ele não tinha a oportunidade de fazer nada. Fernando avaliou: ‘vamos passar para ele R$ 250 mil, que, pelo menos, a gente ajuda, cumpre e fica com a porta aberta para um futuro’”, disse para o MPF Alexandre Barradas, informando ainda que o dinheiro foi repassado para Alberto em Recife.
Firmino Filho foi eleito prefeito de Teresina na eleição de 2012 e pouco tempo depois Alexandre Barradas teria convidado o gestor piauiense para um jantar. O ex-diretor deixou claro mais uma vez que tinha interesse na concessão dos serviços de saneamento básico de Teresina, que estava nas mãos da Agespisa.
“O prefeito é uma pessoa muito equilibrada. Ele jamais me prometeria uma coisa que ele não podia fazer, isso eu tenho certeza. Nós conversamos sobre a situação do saneamento e o que ele me disse é que ele ia fazer a parte dele. O máximo que ele ia fazer é a parte dele. Ou seja, bater na Agespisa, exigir que o governo do estado cumprisse o contrato de programa e que realizasse os investimentos, criar a agência reguladora municipal para poder fiscalizar os serviços. Ou seja, ele ia começar a criar as condições para resolver o problema: ou que a Agespisa se arrumasse, ou que a Agespisa própria fizesse algum programa de concessão e fizeram. Eu participei dessa licitação e perdi”, disse se referindo à subconcessão da Agespisa, na qual a Odebrecht Ambiental concorreu.
Sobre as afirmações de Alexandre Barradas, o prefeito Firmino Filho, por meio de nota, afirmou apenas que não recebeu dinheiro da construtora Odebrecht e que todas as contribuições recebidas na campanha de 2012 foram entregues para a Justiça Eleitoral.
G1