O presidente Jair Bolsonaro afirmou que o Brasil está “bastante adiantado” nos critérios para entrar na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), “inclusive na frente da Argentina”.
Na terça-feira (14), a embaixada dos Estados Unidos em Brasília divulgou uma nota na qual afirmou que apoia a entrada do Brasil na OCDE, espécie de “clube dos países ricos”. Os EUA devem formalizar a posição em uma reunião do conselho da OCDE, nesta quarta, em Paris.
Após a manifestação da embaixada, assessores do ministro da Economia, Paulo Guedes, disseram que o Brasil passa a ser a prioridade dos EUA para o órgão. Em outubro, o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, enviou uma carta à OCDEmanifestando apoio à entrada da Argentina e da Romênia na organização.
Ao comentar a nota da embaixada, na saída do Palácio da Alvorada, Bolsonaro afirmou que a notícia era “bem-vinda”.
“São mais de cem requisitos para você ser aceito. Estamos bastante adiantados, inclusive na frente da Argentina. E as vantagens para o Brasil são muitas. Equivale ao país entrar na primeira divisão”, disse o presidente.
“A gente vinha trabalhando há meses em cima disso, de forma reservada, obviamente”, completou.
Segundo assessores de Bolsonaro, a Argentina perdeu prioridade do apoio dos EUA em razão da mudança do governo. O novo presidente, Alberto Fernández, é menos alinhado com ideias de Washington do que o seu antecessor, Maurício Macri.
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Bolsonaro afirmou ainda que, se a decisão dependesse do presidente norte-americano Donald Trump, o Brasil já estaria na OCDE.
“Eu não posso falar em prazo. Isso depende. Não é apenas do Trump. Se fosse do Trump, [o Brasil] já estava lá. Depende de outros países também. E nós estamos vencendo resistências e mostrando que o Brasil é um país viável”, concluiu o presidente.
A OCDE atua como uma organização para cooperação e discussão de políticas públicas e econômicas que devem guiar os países que dela fazem parte. Para entrar no acordo, são necessárias a implementação de uma série de medidas econômicas liberais, como o controle inflacionário e fiscal. Em troca, o país ganha um “selo” de investimento que pode atrair investidores ao redor do globo.
Em março de 2019, Bolsonaro fez um acordo com os EUA segundo o qual o Brasil abriria mão do tratamento diferenciado na Organização Mundial do Comércio (OMC) – órgão paralelo à OCDE. Em troca, o governo Trump prometeu apoiar a entrada do Brasil na OCDE.
Na prática, essa troca indica que o Brasil deixa de se autodeclarar uma economia emergente, e passa a negociar em pé de igualdade com as nações ricas em temas comerciais.
A carta de Pompeo à OCDE, em outubro, pareceu abalar o entendimento Brasil-EUA.
Após a repercussão, Donald Trump afirmou em uma rede social reiterar o apoio dos EUA ao ingresso do Brasil na OCDE.
“A declaração conjunta divulgada com o presidente Bolsonaro em março deixa muito claro que eu apoio que o Brasil inicie o processo para se tornar membro pleno da OCDE. Os EUA apoiam essa declaração e apoiam Jair Bolsonaro”, escreveu Trump.
Até esta terça, no entanto, ainda não havia nenhum documento na OCDE informando o apoio. O processo de entrada na organização pode levar anos e depende do cumprimento de centenas de pré-requisitos pelo país candidato.
Na saída do Alvorada, Bolsonaro disse também que deve sair nos próximos dias o decreto com as regras para atuação de militares da reserva no atendimento do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Na terça, o governo anunciou que a ideia é chamar 7 mil militares para reforçar o quadro e reduzir o acúmulo de pedidos de benefícios na fila.
“Por mim, sai hoje [o decreto]. Estamos discutindo, mas a gente não pode fazer decreto para depois desfazer. O mais rápido possível”, afirmou o presidente.
“A legislação diz que você pode, não é convocar, eles [militares] podem aceitar um convite para trabalhar ganhando 30% dos seus proventos e não tem qualquer encargo trabalhista, não tem nada. Então é muito simples. A primeira ideia é, realmente, convidar os militares a participarem desse mutirão para a gente diminuir a fila enorme que está no INSS”, completou Bolsonaro.
O presidente afirmou ainda que tem debatido com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), uma forma de permitir a venda direta de combustíveis, como etanol e gasolina, do fornecedor para o posto, sem passar por distribuidoras. A ideia é baratear o preço.
“Ontem [terça], estive com o Rodrigo Maia e conversei com ele sobre esse assunto, não é apenas venda direta do etanol para o posto de combustível. É de outros derivados também. Nós importamos óleo diesel, gasolina. Porque não ir do porto diretamente para o posto de gasolina? Porque tem que viajar centenas de quilômetros?”, argumentou Bolsonaro.
g1