Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apontou que o Piauí ficou em primeiro lugar no ranking entre as 27 unidades da Federação que adotaram medidas governamentais de distanciamento social no período de 20 a 24 de julho. Numa escala de zero a 10, o Piauí tirou nota 8 no período, sendo que, quanto mais próximo de 10, mais rigorosa é a medida.
A pesquisa do Ipea objetiva relacionar as medidas de distanciamento adotadas pelos governos estaduais e municipais com os índices de isolamento social. Por isso, o estudo coletou dados de dois períodos diferentes: do início da pandemia (20 a 23 de março) e do fim de julho. No início da pandemia, o Piauí ficou com uma nota entre 6 e 7.
O Governo do Piauí tomou as primeiras medidas no dia 16 de março. Três dias depois, o governador Wellington Dias decretou estado de calamidade pública e, ao longo dos dias, vários decretos determinaram o distanciamento. Ao todo, o Governo do Piauí adotou 14 medidas para conter o novo coronavírus.
“Quero agradecer todos que contribuíram para o nosso êxito, das mais diferentes áreas profissionais. O grande destaque foi que a rede de saúde não colapsou. Destaco também o programa Busca Ativa, o monitoramento dos casos, enfim, todo um trabalho baseado na ciência. Parabéns a todos e ao Piauí”, reconheceu Wellington.
Depois do Piauí, em segundo lugar vêm Acre e Rio Grande do Sul, empatados com 6,7. O estado com menor nota foi Mato Grosso do Sul, com 2,5.
Confira a nota técnica do Ipea sobre medidas de distanciamento dos governos estaduais.
O documento do Ipea diz que, na ausência de uma política nacional de distanciamento social, medidas de distanciamento físico foram introduzidas de maneira descentralizada por estados e municípios, alguns dias após a Organização Mundial da Saúde (OMS) ter declarado que a Covid-19 era uma pandemia.
Diminuição nos níveis de isolamento
A adoção de medidas legais de distanciamento levou a um crescimento significativo dos níveis de distanciamento social no Brasil. Já a partir do início de abril, contudo, tais medidas passaram a ser relaxadas, uma mudança que foi acompanhada pela diminuição dos níveis de isolamento social, diz o estudo.
“No entanto, os níveis de isolamento social diminuíram proporcionalmente mais do que o rigor das medidas legais, indicando que outros fatores (como a duração das medidas) também determinaram os níveis de isolamento”, afirma a pesquisa.
Segundo o Ipea, entre os períodos de 23 a 27 de março e 20 a 24 de julho de 2020, a queda no rigor das medidas de distanciamento foi de 31%, enquanto à diminuição nos níveis de isolamento foi de 52%. Ou seja, a adoção de medidas legais induziu uma mudança comportamental, mas houve dificuldades para que tal mudança se mantivesse sustentável.
Comitê Científico de Combate ao Coronavírus
Outro estudo do Ipea, intitulado Inovação Institucional na Coordenação Federativa para Enfrentamento e Saída do Surto de Covid-19, elogiou a iniciativa do Comitê Científico de Combate ao Coronavírus, instituído pelo Consórcio do Nordeste, formado pelos governos estaduais da região. O Governo do Piauí, inclusive, adotou todas as orientações sugeridas pelo comitê científico.
Confira a nota técnica do Ipea sobre inovação institucional.
O Ipea diz que “nessa linha de iniciativas de coordenação que merecem registro, pelo caráter inovador e aparente eficácia, o comitê [do Nordeste] articula uma rede de pesquisadores, nacionais e internacionais, para o fornecimento de informações e recomendações aos governos regionais e locais. O trabalho do comitê está organizado em nove subcomitês temáticos, entre os quais se encontra um voltado especificamente às políticas públicas de intervenção (medidas econômico-sociais). Em que pese a relevância desse arranjo, sua análise mais detalhada está para além do escopo desta nota técnica, que busca identificar os arranjos de coordenação internos ao âmbito estadual”.