A hipertensão é uma doença grave que, a cada dia, leva à morte quase 400 pessoas no Brasil, segundo o Ministério da Saúde. A enfermidade não tem cura e faz parte da lista de comorbidades incluídas na vacinação contra a Covid-19.
O diagnóstico da hipertensão considera a situação em que os valores das pressões máxima e mínima são iguais ou ultrapassam os 140/90 mmHg (ou 14 por 9). Para detectá-la, basta checar a pressão regularmente.
A recomendação é que pessoas acima de 20 anos realizem o procedimento ao menos uma vez ao ano. No caso de histórico na família, deve-se medir no mínimo duas vezes nesse período.
O comportamento é um dos principais fatores relacionados ao desenvolvimento da pressão alta. Além do fator hereditário, hábitos como consumo exagerado de sal, alimentação desbalanceada e sedentarismo contribuem para o desenvolvimento e agravamento da doença. Veja outras dicas a seguir:
1- Verifique a quantidade de sódio dos alimentos
A ingestão diária de sal recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é de menos de 5g por dia, equivalente a uma colher de chá, que concentra em torno de 2g de sódio. O consumo adequado ajuda a reduzir a pressão arterial, o risco de doenças cardiovasculares, derrame e ataque cardíaco.
Em geral, as pessoas consomem o dobro da quantidade preconizada pela OMS. Quando se trata do preparo das próprias refeições, reduzir o sal é uma estratégia relativamente simples. No entanto, especialistas recomendam atenção aos rótulos dos produtos no momento das compras.
“Alimentos industrializados contêm muito sódio e são pouco controlados pelas autoridades. Estimamos que o brasileiro ingira quase 12g de sal”, diz Dante Senra, cardiologista intensivista e PhD pela Universidade de São Paulo (USP).
Produtos alimentícios processados e embutidos contribuem de forma significativa para o consumo de sal em excesso. Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), pães processados, salgados, salgadinhos e produtos derivados de carne e queijos estão entre as categorias com alto teor de sódio.
No início de maio, a OMS lançou um conjunto de referências globais para os níveis de sódio contemplando mais de 60 categorias de alimentos. O documento tem como objetivo ajudar os países na redução do teor de sódio dos produtos.
2- Perca peso
Diferentes estudos apontam que perdas moderadas de peso estão associadas a melhoras nos fatores de risco cardiovascular. Uma pesquisa realizada na Alemanha, com a participação de 3.300 pessoas, mostrou que o emagrecimento foi relacionado à diminuição da pressão arterial.
“A obesidade vem acompanhada de distúrbios metabólicos, aumento de colesterol e de triglicérides e da hipertensão. Isso compõe um pacote que leva a uma série de problemas cardiovasculares”, explica Dante.
3- Faça exercícios moderados
Para o cardiologista intervencionista Roberto Botelho, diretor de comunicação da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (SBHCI), a atividade física pode ser grande aliada contra a hipertensão, desde que seja realizada de forma moderada.
“O exercício tem diferentes intensidades: leve, moderada e alta. O de intensidade alta, se não for bem monitorado, pode prejudicar. O hipertenso tem que ser orientado pelo médico”, diz.
O especialista recomenda que exercíciosao ar livre, como caminhadas, sejam realizados em horários com menos exposição ao sol e temperatura mais amena, com a utilização de calçados adequados, de modo a evitar lesões, e em locais com menor circulação de veículos, devido à poluição do ar.
“O exercício é adequado quando a pessoa respeita a faixa de segurança da frequência cardíaca. Cada indivíduo, de acordo com a sua idade e capacidade física, tem uma frequência de segurança. A prescrição médica indica a mais adequada”, afirma.
4- Limite o consumo de álcool
A ingestão frequente e em excesso de bebidas alcoólicas pode aumentar a pressão arterial. De acordo com a OMS, o consumo moderado é, em média, de uma dose diária, cerca de 10 a 14g de álcool. A quantidade em mililitro (ml) pode variar de acordo com o teor alcoólico da bebida, como aproximadamente 350 ml de cerveja, 150 ml de vinho ou 45ml de bebidas destiladas.
O cardiologista Roberto Botelho orienta que, além da redução no consumo, deve-se evitar bebidas alcoólicas cerca de três horas antes de dormir. “O álcool deprime o sistema nervoso, piora o sono e provoca apneia. Quem ingere bebida alcoólica nesse horário tem menos sono de qualidade”, diz.
5- Estabeleça uma rotina de sono
O sono irregular é um dos elementos que contribuem para o risco cardiovascular. Segundo o cardiologista Roberto Botelho, a apneia do sono, caracterizada por roncos e obstrução das vias aéreas durante a noite, é um dos problemas relacionados ao desenvolvimento da pressão alta.
“No período em que a pessoa para de respirar, a saturação do oxigênio diminui. Essa queda cíclica e periódica da saturação do oxigênio produz hipertensão”, explica. O cardiologista recomenda que as pessoas mantenham o quarto silencioso, com baixa iluminação e sem a presença de interferências como televisão, celular e aparelhos de som.
“É altamente recomendado que as pessoas tenham um número de horas de sono adequado, geralmente de oito horas por noite, e que o sono seja regular. É importante ter hora certa para dormir e acordar. A variabilidade é ruim para o ciclo hormonal”, afirma.
6- Pratique meditação e exercícios de respiração
O estresse pode contrair os vasos sanguíneos e levar a picos temporários da pressão arterial. Segundo o cardiologista Roberto Botelho, meditação e exercícios para a respiração são maneiras eficientes de controlar a situação. “A meditação consegue baixar a pressão em até 5mmHg”, afirma.
Os especialistas recomendam um período de 15 a 20 minutos por dia para a meditação, em local silencioso, arejado e longe da possibilidade de interferências externas.
7- Use os medicamentos da forma adequada
Após o diagnóstico, os pacientes devem realizar acompanhamento médico com o objetivo de controlar a pressão arterial. Os especialistas explicam que nem todas as pessoas precisam de medicamentos, mas ressaltam que, quando necessário, o uso deve ser feito adequadamente.
“Os remédios são muito eficientes, oferecidos na rede pública e possuem posologia cômoda, geralmente um comprimido por dia, e pouco ou nenhum efeito colateral”, afirma o cardiologista Dante Senra.
Segundo Roberto Botelho, o acompanhamento periódico é fundamental para o monitoramento de possíveis efeitos colaterais. “De acordo com a origem da hipertensão, será usado um tipo de remédio. Por isso, o tratamento deve seguir a recomendação médica ajustada de acordo com a necessidade”, conclui.
Cnn Brasil