O Prêmio Nobel 2021 em fisiologia e medicina foi concedido a David Julius e Ardem Patapoutian por suas descobertas sobre os receptores de temperatura e toque do corpo.
Os dois cientistas receberam o reconhecimento por descrever a mecânica de como os seres humanos percebem o calor, o frio e a pressão através dos impulsos nervosos.
Julius é professor na Universidade da Califórnia, em São Francisco. Já Patapoutian é professor no Howard Hughes Medical Institute na Scripps Research, em La Jolla, Califórnia.
“Nossa capacidade de perceber o calor, o frio e o toque é essencial para a sobrevivência e sustenta nossa interação com o mundo ao nosso redor”, afirmou o comitê do Nobel na declaração que anunciou o prêmio.
“Julius utilizou capsaicina, o composto pungente das pimentas que induz uma sensação de ardor, para identificar um sensor que responde ao calor nas extremidades nervosas da pele”
“Patapoutian usou células sensíveis à pressão para descobrir uma nova classe de sensores que respondem a estímulos mecânicos na pele e nos órgãos internos”, acrescentou a nota.
Thomas Perlmann, secretário da Assembleia e do Comitê Nobel, disse que a descoberta “desvenda os segredos da natureza”.
“Ela explica a nível molecular como esses estímulos são convertidos em sinais nervosos. É uma descoberta importante e profunda”, diz.
O Comitê Nobel explicou que, quando Julius começou a estudar por que a capsaicina induz uma sensação de ardor, já se sabia que o composto ativa as células nervosas causando dor – mas como exatamente isso acontecia era um “enigma não resolvido”.
Julius e sua equipe criaram uma biblioteca de milhões de fragmentos de DNA correspondentes a genes que são expressos nos neurônios sensoriais que podem reagir à dor, ao calor e ao toque.
Eles então conectaram genes desta coleção em células que normalmente não reagem à capsaicina para encontrar o único gene que causou a sensibilidade.
Julius percebeu mais tarde que o receptor de capsaicina descoberto é um receptor sensível ao calor, ativado a temperaturas que são percebidas como dolorosas, informou o Comitê Nobel.
Ao mesmo tempo, Patapoutian e seus colaboradores estavam tentando entender como os estímulos mecânicos poderiam ser convertidos em nossos sentidos de tato e pressão.
Eles identificaram uma linha celular que reagia quando suas células individuais eram perfuradas com uma micropipeta.
Com isso, a equipe identificou então 72 genes candidatos que poderiam estar codificando receptores e os “desligou” um a um para descobrir o responsável pela sensibilidade mecânica.
Abdel El Manira, um membro adjunto do Comitê Nobel de Fisiologia e Medicina, disse que a descoberta foi feita há mais de uma década.
“É o momento certo (para ela) para ser reconhecida. Mudou profundamente nossa visão de como sentimos o mundo. No último ano, sentimos falta de nosso senso de toque – durante um abraço, por exemplo. Estes são os receptores que nos dão a sensação de calor e de proximidade”, disse ele.
Veja o cronograma do anúncio dos vencedores do Nobel:
- Medicina: segunda-feira (4)
- Física: terça-feira (5)
- Química: quarta-feira (6)
- Literatura: quinta-feira (7)
- Paz: sexta-feira (8)
- Economia: segunda-feira (11)
*Katie Hunt, da CNN, contribuiu para a reportagem
**Essa matéria foi traduzida. Leia a original, em inglês