O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, afirmou que existe um grande ativismo do Judiciário no país. Em entrevista exclusiva à âncora da CNN Daniela Lima, o ministro justificou as críticas do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao afirmar que, muitas vezes, o poder retira responsabilidades do Executivo e do Legislativo.
“Nós temos que voltar a ter bom senso e respeitar o papel de cada poder. Todos têm importância. Não tem um poder que é mais importante que o outro. O Legislativo tem sua importância, [assim como] o Executivo e o Judiciário”, complementa.
Bolsonaro, na última sexta-feira (28), não cumpriu a determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF, para comparecer pessoalmente à Superintendência Regional da Polícia Federal no Distrito Federal e dar declarações no âmbito do inquérito que apura o vazamento de documentos sigilosos sobre uma suposta invasão a sistemas e bancos de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
“É ruim, toda disputa, quando esses conflitos não fazem bem, principalmente nesse momento. Não é o momento de estarmos brigando”, disse o ministro.
Nogueira afirma que as relações entre o presidente e a Suprema Corte já estavam estáveis, “mas tivemos esse probleminha aí”. Ele diz ter “certeza que a partir da próxima semana vamos tratar do que é mais importante para o país”.
“Eu acho que esse tipo de situação não vem a contribuir para esse momento. Mas eu vou tentar de todas as formas [fazer com] que as pessoas tenham bom senso e [vejam] que isso não é muito importante para o nosso país, quase não tem importância nenhuma na vida do cidadão, das pessoas que estão hoje querendo ter suas vidas de volta”, disse o ministro.
Em relação à Operação Lava Jato, o ministro expressa que pessoas utilizavam a operação não apenas para a Justiça, fazendo relação ao ex-juiz e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro, pré-candidato à Presidência da República pelo Podemos. “Eu vi uma entrevista uma vez do Moro: ‘Eu chefiei a Lava Jato’. Meu Deus, ele era juiz, ninguém pode chefiar. As pessoas perdem um pouco da relação.”
“Temos hoje um Congresso reformista”
Ciro Nogueira declara que hoje o Congresso Nacionalé muito reformista. Para ele, caso o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) fosse eleito presidente nas eleições de 2018, teria muita dificuldade em lidar com a Casa.
“Pode ter alguma parte do centro que vai apoiar o Lula, mas não comunga dos mesmo ideais. Se o Haddad tivesse ganho iria ter quem contra ele? O Rodrigo Maia, um liberal, não iria aprovar o retorno de reforma trabalhista. Então nós temos hoje um Congresso que é muito reformista. Dois terços do Congresso quer mudar”, diz Nogueira.
“As pessoas não sabem das realizações do governo”
O Partido Liberal (PL) encomendou pesquisas eleitorais para avaliar a opinião da população sobre Bolsonaro, segundo relatos feitos à CNN por líderes da legenda. Ciro Nogueira explica que o resultado obtido mostrou ser necessário melhorar a comunicação para a divulgação do que está sendo feito pelo Executivo.
“É um governo de mutias entregas, mas que as pessoas ainda não sabem das realizações do próprio governo. O trabalho fantástico que foi feito na área de saúde de proteção às pessoas.”
“O Tarcísio [Gomes de Freitas, ministro da Infraestrutura] nem se fala. Temos entregas pelo país inteiro. Os números da economia, no que diz respeito à geração de emprego e renda… É uma forma de criar otimismo no país”, continua.
Em conversas reservadas, dirigentes da sigla defendem que o presidente faça lives semanais mais curtas, focadas em apenas três temas, evitando, assim, declarações polêmicas.
“Bolsonaro de 2022 é muito melhor que Bolsonaro de 2018” e “Lula de 2022 é bem pior que o de 2002”
Para Ciro Nogueira, as eleições de 2022 vão mostrar duas faces distintas de Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O ministro justifica que ambos são diferentes de quando foram eleitos pela primeira vez para o Palácio do Planalto. Bolsonaro para o bem e Lula para o mal.
“A grande diferença dessa eleição vai ser a seguinte: o Bolsonaro de 2022 é muito melhor que o Bolsonaro de 2018. Ao contrário do Lula. O Lula de 2022 é muito pior que o Lula de 2002. É um Lula que não vem apenas para combater a fome a miséria, mas para trazer Zé Dirceu, a Dilma [Rousseff] de volta. As pessoas perderam a noção do perigo que está a volta deles, do que eles fizeram no passado, que nós tivemos muita determinação do presidente [Bolsonaro] de mudar a forma de fazer política”
Apoiador de Lula em outros tempos, Nogueira afirma que estava ao seu lado por ainda não conhecer o trabalho de Bolsonaro. “Eu não tinha muita admiração pelo trabalho do deputado Bolsonaro. Naquela época tinha algumas restrições e, com o tempo, fui conhecendo o trabalho do presidente”.
“Moro é um conflito ambulante”
Sergio Moro, para Ciro Nogueira é um conflito ambulante, por ser uma pessoa “cheia de contraste”. “Quando era juiz ele queria ser político ,e agora como político, quer ser juiz. Não fica falando de quem está atrás, deixa o Moro aí. Foi uma aposta que deu errado”, afirma.
“Tenho minhas dúvidas se o Moro chega até as eleições. Porque, pelo o que eu vi, não é um homem que fica desempregado. Saiu de juize já foi logo para a consultoria. Não sei se ele vai querer ficar desempregado. Há uma boa possibilidade para deputado ou até senador”, finaliza.
O ex-juiz se filiou ao Podemos em 10 de novembro do ano passado e em um primeiro momento não deixou claro para que cargo iria se candidatar. A presidente do Podemos, Renata Abreu, em entrevista à CNN, em 11 de novembro, cravou que Moro tinha colocado seu nome à disposição para concorrer ao Palácio do Planalto
fonte :cnn