Uma das primeiras vacinas a ser dada aos recém-nascidos no Brasil, a BCG teve o fornecimento reduzido para os estados brasileiros.
Pelo menos 14 estados afirmaram, em nota, que receberam um ofício do Ministério da Saúde informando a diminuição do quantitativo das doses da vacina. As secretarias ressaltam que receberam menos imunizantes, mas ainda não há desabastecimento por falta da vacina.
A CNN teve acesso ao ofício enviado pelo Ministério para as secretarias estaduais de Saúde no final de abril.
No documento, a pasta justifica a redução das remessas por conta da “disponibilidade limitada” e das “dificuldades na aquisição” do imunizante. O ofício também pontuou que a instabilidade na quantidade dos lotes entregues pode perdurar por sete meses.
Antes da redução, o quantitativo médio disponibilizado por mês para cada estado era de cerca de 1 milhão de doses. Segundo o ofício enviado pelo Ministério da Saúde, a readequação dos lotes passou a prever cerca de 500 mil vacinas mensalmente.
Em nota, a pasta informou que a redução foi feita por conta da tramitação do processo de aquisição, que envolve compra, o desembaraço alfandegário e autorização pela Anvisa para a entrada do produto no país, que posteriormente é enviado para análise do controle de qualidade do INCQS antes de ser distribuído para as salas de vacina de todo o país.
A vacina BCG previne contra a tuberculose. No Brasil, a recomendação é para que seja aplicada nos primeiros dias de vida, mas pode ser administrada até os quatro anos de idade da criança.
Apesar de ainda não se tratar de uma situação de falta de imunizantes, as secretarias estaduais de saúde já registram a redução dos imunizantes. No Espírito Santo, por exemplo, o lote mais recente chegou com 60% do quantitativo usual.
O estado do Maranhão também relatou que a remessa o mês de maio foi menor do que os anteriores.
Como forma de evitar o desabastecimento, as secretarias têm planejado a logística para não desperdiçar doses. O frasco da vacina BCG é multidose e, após aberto, é necessário utilizar todo o conteúdo em até seis horas.
Uma das estratégias amplamente adotadas é o agendamento da aplicação da vacina e a centralização dos locais de aplicação, disponibilizando a BCG apenas em lugares como, por exemplo, as maternidades.
De acordo com o DataSUS, até agora, o Brasil atingiu 41,3% da cobertura vacinal da BCG em 2022. O PNI tem como meta vacinar pelo menos 90% do público-alvo com a BCG. Em 2021 e 2020, a cobertura foi de 68,6% e 74,7%, respectivamente.
Os dados publicados na edição mais recente do Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde mostram que cerca de 68 mil pessoas adoeceram por tuberculose em 2021.
O coeficiente de incidência da tuberculose no Brasil é de 32 casos por 100 mil habitantes. O Brasil faz parte da lista de países prioritários para o enfrentamento à doença pela Organização Mundial de Saúde (OMS).