O Brasil tem a quarta maior taxa de desemprego do mundo entre 44 países, de acordo com o ranking da Agência de Classificação de Risco Austin Rating. Em pior situação, apenas Costa Rica, Espanha e Grécia. A taxa de desemprego no Brasil chegou a 13% no trimestre encerrado em agosto, atingindo 14 milhões de brasileiros. Antes da pandemia, o índice chegou a 12% e saltou pra 15% no primeiro trimestre desse ano. Alex Agostini, economista chefe da Austin Rating, aponta que alguns problemas estruturais da economia brasileira são os causadores do desemprego elevado no país. A produtividade, por exemplo, é impactada principalmente em períodos de baixo crescimento econômico. “Em 2014, nós tivemos exatamente o que estamos vendo agora, que foi um ano de eleição com populismo fiscal. E aí nós vimos o que aconteceu no ano seguinte, 2015, uma inflação de dois dígitos com uma recessão de 3,5% do PIB. Depois, em 2016, de novo uma recessão econômica. Então, a gente está vivendo hoje um pouco do que foi lá atrás. E lá atrás, a taxa de desemprego disparou, saiu de 6,8 em 2014, era o início da crise, pra chegar em 2015 a 8,3. De 2016 para cá, ela superou dois dígitos e ficou em dois dígitos até o momento”, pontuou.
Eduardo Pastore, advogado e consultor de relações do trabalho, afirma que o agravamento do desemprego se deu em função da rejeição do Senado sobre o projeto que criaria novos programas trabalhistas no dia 1º de setembro. “O Congresso deveria ter aprovado o plano para as micro, pequenas e médias empresas, que estavam contando com esse aporte parcial do governo para conseguir fazer girar o seu negócio. E, quando o plano morreu, o Senado não aprovou mais a renovação da lei que era especificamente voltada para a suspensão da jornada e redução dos salários, o que acabou acontecendo é que essas empresas ficaram na mão”, diz. E as expectativas seguem aquém das esperadas. O mercado financeiro reconsiderou a previsão de crescimento do PIB deste ano de 4,93% para 4,88%, abaixo da média global de acordo com a última pesquisa Focus do Banco Central.