A ciência ajuda a explicar por que milhões de brasileiros têm experimentado um vai e vem de ondas de frio e de calor intensos neste inverno.
Semana passada até parecia verão. Uma tarde de agosto com 36º C em São Paulo.
“Está um climinha da Bahia hoje. Está calor, viu”, diz a enfermeira Tainara Lima.
A Tainara não tinha nem roupa, ou melhor, maiô, para isso.
“Quando saí do trabalho, vim, comprei aqui mesmo”, conta.
Especialistas explicam por que ondas intensas de frio e de calor se revezam neste inverno — Foto: Reprodução/TV Globo
Mexe mesmo com a gente.
“A gente sente falta do frio, dormir de conchinha faz bem. Hoje, é ventilador e longe”, diz o rapper Iago Walace.
Mas foi virar para o outro lado da cama para entrar uma madrugada gelada, típica do inverno. Tempos que pedem preparo de atleta.
“Já estou condicionado já há muito tempo. É um exercício até chegar aqui, mas precisa”, diz o publicitário Paulo Shinjo.
“Eu ando que nem uma cebola. Tem um monte de roupa”, conta a aposentada Elizabeth Mendes.
“No dia a dia, a gente acostuma, não tem jeito”, afirma o zelador Adilson Alves.
Especialistas explicam por que ondas intensas de frio e de calor se revezam neste inverno — Foto: Reprodução/TV Globo
É mais ou menos isso mesmo.
“Infelizmente, as mudanças climáticas estão trazendo um novo normal também para a gente na meteorologia. Então, esses excessos de calor, excessos de ar seco, excesso de queimada, e até mesmo excesso de chuva lá no Rio Grande do Sul, como a gente observou, devem se tornar cada vez mais comuns ao longo dos próximos anos. A gente está com temperaturas mais altas do que o normal em praticamente todos os oceanos do planeta, e isso faz com que a gente tenha uma liberação de muito mais calor ao longo dos meses mais frios do ano”, explica César Soares, meteorologista do Climatempo.
Especialistas explicam por que ondas intensas de frio e de calor se revezam neste inverno — Foto: Reprodução/TV Globo
Vamos trazer a discussão para a cozinha. As ondas de calor e de frio que percorrem a Terra são parte de um fenômeno que a física chama de convecção. Acontece toda vez que a gente coloca água em uma chaleira para ferver. Imagina que a parte mais próxima do fogo é a zona mais quente do planeta, a equatorial. Acima ficam as regiões temperadas, que se aquecem mais lentamente. E, no topo, o polo, mais frio.
A onda de calor que se forma perto da linha do Equador se espalha na direção das áreas mais frias, que respondem com frentes frias na direção contrária. Só que o calor da atmosfera e dos oceanos está forte demais, segundo meteorologistas. O frio chega intenso, mas é capaz de resfriar a atmosfera por pouco tempo.
“A gente consegue ter um friozinho assim de mais ou menos uns dois, três, quatro dias, no máximo”, diz o meteorologista César Soares.
Especialistas explicam por que ondas intensas de frio e de calor se revezam neste inverno — Foto: Reprodução/TV Globo
A combinação de calor e seca agrava os incêndios que têm deixado cinza o horizonte em várias partes do país.
“Neste ano, tivemos calor. Foi atípico, por exemplo, em várias regiões do país em que a estação chuvosa foi muito fraca. E altas temperaturas e menos chuva, ar quente, ar seco. Isso favorece essa estação de incêndios”, afirma o climatologista José Marengo, coordenador geral de pesquisa do Cemaden.
G1