A exportação brasileira para a China está concentrada em três produtos básicos: soja, petróleo e ferro respondem por 83% das vendas. O Brasil compra da China principalmente itens industrializados como plataformas de petróleo, produtos manufaturados e eletrônicos.
Dados do Ministério da Economia mostram que, em 2017 e 2018, respectivamente, o Brasil registrou superávit comercial (mais vendeu do que comprou) de US$ 20,16 bilhões e de US$ 29,19 bilhões. Nos dez primeiros meses deste ano, o saldo positivo somou US$ 21,45 bilhões.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta quarta-feira (13) que o governo brasileiro estuda a formação de uma área de livre comércio com a China. A declaração foi feita durante seminário do banco dos Brics. Guedes não deu detalhes das tratativas.
“Estamos conversando com a China sobre a possibilidade de considerarmos uma ‘free trade area’ [área de livre comércio]. Estamos buscando um alto nível de integração. É uma decisão. Queremos nos integrar às cadeias globais. Perdemos tempo demais, temos pressa”, afirmou o ministro no seminário.
Nesta quarta e quinta-feira (14) é realizada em Brasília a 11ª cúpula do grupo formado por cinco países emergentes: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Guedes afirmou, ainda, que não se incomodaria se o atual superávit se equilibrasse mais à frente. Para isso, disse, as exportações brasileiras poderiam avançar 50%, enquanto que as compras feitas no país asiático poderiam dobrar ou, até mesmo, triplicar nos próximos anos. Para ele, o importante seria uma integração maior com a China.
Principais produtos exportados para a China em 2018
- soja: 43% das vendas externas
- petróleo: 23% do total
- ferro: 17% do total
- celulose: 5,4%
- carne bovina: 2,3%
- ligas de ferro: 1,4%
Principais importações da China em 2018
- plataformas de petróleo: 11% do total
- produtos manufaturados: 10%
- circuitos de telefonia: 3,7%
- aparelhos transmissores e receptores: 3,5%
- químicos orgânicos: 3,1%
- circuitos integrados: 2,5%
Para o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, um acordo de livre comércio com a China teria que ser intermediado pelo Mercosul – bloco regional que engloba o Brasil, a Argentina, Paraguai e Uruguai. De acordo com ele, as regras do grupo impedem negociações tarifárias bilaterais entre duas nações, sem passar pelo Mercosul.
Na avaliação do economista, atualmente o Brasil não teria condições de fazer um acordo de livre comércio com a China, pois isso poderia representar, em sua visão, uma “quebradeira” da indústria nacional – ao competir com produtos chineses no mercado doméstico. “Nesse momento, abrir o mercado seria um suicídio comercial”, afirmou.
Castro cita que a China praticamente não tem acordo comercial com nenhum país diante do baixo custo dos produtos chineses. “Além de custo não competitivo, também temos o custo Brasil, adicional de cerca de 30% sobre os produtos manufaturados”, afirmou ele.
Ao detalhar o custo Brasil, o presidente da AEB citou, por exemplo, a infraestrutura brasileira ruim e as regras tributárias complicadas.
“Aprovada a reforma previdenciária, se a reforma tributária vier a ser aprovada, além de alguma evolução nos investimentos em infraestrutura e finalização do portal único de comércio exterior, isso pode reduzir custos e tornar o produto brasileiro mais competitivo”, declarou Castro.
Atualmente, concluiu o presidente da AEB, o Brasil não tem “condição nenhuma” de competir com a China. “Nosso preço é fora da realidade. [A abertura comercial] tem que ser uma coisa lenta e gradual, na medida em que conseguimos reduzir o custo Brasil”, disse.
g1