A indústria farmacêutica Eli Lilly anunciou a primeira fase de testes em humanos de um novo tratamento contra a Covid-19, a doença provocada pelo novo coronavírus. A aposta da empresa é no tratamento à base de anticorpos, retirados do plasma de um paciente já curado. Os resultados estão previstos ainda para este mês.
A pesquisa deverá avaliar a segurança e a tolerância dos pacientes hospitalizados e está sendo aplicada em centros de saúde dos Estados Unidos. Tratamentos com anticorpos já se mostraram eficientes contra doenças como H1N1. A busca agora é pela comprovadação da eficácia também contra o Sars-CoV-2, nome científico do novo coronavírus.
“Ainda este mês, revisaremos os resultados deste primeiro estudo em humanos e pretendemos iniciar testes de eficácia mais amplos. Ao mesmo tempo em que estamos investigando a segurança e a eficácia, também estamos nos preparando para a fabricação em larga escala dessa terapia em potencial (…) “, afirma Daniel Skovronsky, diretor científico da Lilly e presidente da Lilly Research Laboratories, em nota da empresa.
Caso o tratamento se mostra eficaz, a empresa poderá evoluir para a próxima fase de testes, que envolve pessoas que não estão hospitalizadas. A Eli Lilly afirma que também planeja estudar o produto como forma de prevenção em populações vulneráveis “que, historicamente, não têm um perfil ideal para receber vacinas”, segundo a empresa.
Terapia com anticorpos contra a Covid
Terapia com plasma é testada no tratamento contra a Covid-19
A terapia à base de anticorpos da Eli Llly é conhecida como “LY-CoV555”. Ela foi desenvolvida em três meses a partir de amostras de sangue de um dos primeiros pacientes recuperados da doença nos Estados Unidos. A partir daí, foi separado o plasma do paciente, que é a parte líquida do sangue que contém os anticorpos.
De acordo com a Eli Lilly, a terapia com anticorpos foi desenvolvida para bloquear a ligação do vírus às células humanas.
“Terapias de anticorpos como o LY-CoV555 podem ter potencial para prevenção e tratamento da Covid-19, e podem ser particularmente importantes para grupos mais atingidos pela doença, como idosos e aqueles com sistemas imunológicos comprometidos”, afirma Skovronsky.
O trabalho é uma parceria da Eli Lilly com a AbCellera e o Centro de Pesquisa de Vacinas do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (NIAID).
Outras pesquisas
Voluntários aceitam ser contaminados com coronavírus para acelerar pesquisas sobre vacina
Além da Lilly, outras farmacêuticas e instituições de pesquisa buscam meios de desenvolver tratamentos contra a Covid-19, seja em forma de vacinas, medicamentos antivirais, entre outros.
A Rival Regeneron Pharmacuticals Inc (REGN.O) anunciou o início de testes de um tratamento à base de coquetel de anticorpos. O início está previsto para este mês, segundo a Reuters.
A Gilead Sciences está desenvolvendo uma forma inalável do tratamento antiviral remdesivir contra a Covid-19, depois que os testes mostraram eficácia moderada do medicamento administrado por infusão.
No Reino Unido, a Universidade de Oxford está na fase três das pesquisas, aplicando uma vacina em 10 mil voluntários. Uma brasileira, a cientista Daniela Ferreira, está coordenando um dos centros que testa a vacina.
No Brasil, o Instituto Butantan está entre as instituições que também pesquisam tratamento à base de anticorpos contra a Covid-19. Um consórcio entre três hospitais paulistas – Hospital Albert Einstein, Hospital Sírio-Libanês e Hospital das Clínicas – também recebeu a autorização de iniciar testes clínicos a partir do plasma de um paciente curado. A Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto também está coletando material de pacientes curados para fazer terapia com anticorpos.
Um estudo com o antivral remdesivir publicado pelo “The England Journal of Medicine” encontrou resultados parecidos contra a Covid-19 em tratamentos com duração de 5 ou de 10 dias. Os primeiros testes com o uso do remédio, divulgados em 22 de maio, mostraram uma redução no tempo de recuperação dos pacientes graves.
Outro teste em desenvolvimento é o da empresa Moderna. Os estudos iniciais haviam apontado que um pequeno grupo de voluntários saudáveis haviam desenvolvido anticorpos contra a Covid. Mas o desenvolvimento em pequena escala e em estágio inicial para uma vacina experimental para a Covid-19 não garantiram dados críticos necessários para que sua eficácia seja avaliada.
No fim de maio, a Organização Mundial de Saúde (OMS) suspendeu o uso da hidroxicloroquina em pesquisas desenvolvidas por cientistas em 100 países. Um estudo com 96 mil pacientes apontou que a hidroxicloroquina e a cloroquina não apresentam benefícios no tratamento da Covid-19. Os resultados mostram que também não há melhora na recuperação dos infectados, mas existe um risco maior de morte e piora cardíaca durante a hospitalização pelo Sars CoV-2.
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