O governo teve na semana passada a dimensão da força social, política e numérica da moçada que o seu ministro da Educação, Abraham Weintraub, chamou de turma da “balbúrdia” – estudantes e professores universitários, primeiramente da Bahia, do Rio de Janeiro e de São Paulo, depois estendendo a qualificação mau educada, descabida e altamente ofensiva a todas as faculdades do País. Pois é, presidente Bolsonaro e ministro Weintraub, é notório que os senhores querem de toda forma transformar os órgãos de ensino em instituições de doutrinação ideológica, fazer delas o elogio do atraso e do reacionarismo de direita. Quem arrisca pagar para ver acaba vendo, e os senhores viram que os adeptos da “balbúrdia” lotaram ruas e avenidas de mais de duzentas e cinquenta cidades brasileiras, juntaram nelas milhões de pessoas entre estudantes, professores e pais, e tudo se deu pacificamente conforme requer a urbanidade e a cidadania – foi, de fato, a “balbúrdia” mais pacífica da história republicana brasileira, talvez só comparável ao momento em que os alunos do tradicionalíssimo Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, foram às ruas em 1956, na gestão de Juscelino Kubitschek, para apoiar a greve dos condutores de bonde e instalaram mesas de pingue-pongue sobre os trilhos – eles passavam o tempo todo jogando tranquilamente. Podemos também lembrar a calma e o pacifismo dos caras pintadas, que ajudaram a apear do poder o então presidente e hoje senador Fernando Collor, acusado à época de corrupção.
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