O café especial representa, em média, 44% da produção dos agricultores que atuam neste nicho, dividindo a lavoura com outros tipos de grão, mostra uma pesquisa inédita do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), chamada “Cafés Especiais: perfil e sabor”.
“A gente não sabe dizer se houve aumento nessa pesquisa porque foi a primeira que a gente fez”, diz o presidente do Sebrae, Carlos Melles. Apesar disso, ele comenta que é um número “excelente” para um mercado novo.
O estudo indicou que 52% dos profissionais da cadeia de café especial estão neste mercado há, no máximo, 5 anos.
A diferença entre a produção de cafés especiais para os tradicionais é que, no primeiro, são usadas somente as sementes dos frutos maduros de café, enquanto no segundo são misturados os maduros com os verdes, ou com os que passaram um pouco do ponto, quebrados, etc.
Além de produtores, o levantamento ouviu baristas, torrefadores, provadores e donos de cafeterias. No total, foram entrevistados 366 profissionais, de 22 estados, entre outubro e dezembro de 2020.
Os homens representam a maior parcela dos 5 ramos do setor, principalmente entre produtores rurais, torrefadores e provadores.
Na comparação com esses três, há uma maior presença de mulheres entre os baristas e donos de cafeterias, atividades que, segundo Meller, possuem uma menor barreira de entrada não são só para elas, como também para os jovens.
De acordo com ele, esses dois perfis de profissionais estão sendo cada vez mais atraídos para o setor de cafés especiais.
Proporção dos profissionais de café especial por gênero — Foto: Sebrae/Reprodução
“Em negócios mais recentes ou que você consegue ter uma maior agilidade para abrir, como uma cafeteria, […] a gente abre oportunidade para esse novo perfil de pessoas (mulheres e jovens). Diferente de quando você tem uma pessoa comprando uma terra ou mesmo herdando e passando a produzir café. Nesse caso, a entrada é mais difícil”, explica Meller.
Participação por faixa etária nos ramos de cafés especiais. — Foto: Sebrae/Reprodução
Consumidor mais seletivo
Meller afirma que o consumidor de café está mais seletivo e que isso acaba se refletindo no aumento da produção de produtos orgânicos e com selo de Indicação Geográfica (IG).
O IG é dado a produtos ou serviços que são característicos do seu local de origem, o que lhes atribui reputação, valor intrínseco e identidade própria, além de os distinguir em relação aos seus similares disponíveis no mercado.
“Um quarto dos produtores de cafés especiais tem selo de IG e outros 10% já estão produzindo cafés orgânicos. A tendência é que haja um incremento desses fatores pois há um mercado consumidor mundial ávido por produtos diferenciados”, pontua Melles.
O presidente do Sebrae destaca que a instituição tem cada vez mais trabalhado para a profissionalização desse mercado e para o aumento de registros de IG entre os produtores, além de estimular a participação desses empreendedores em concursos, em campeonatos nacionais e internacionais e na exportação do produto.
G1