A disputa presidencial de 2022 tem tudo para ser o grande acerto de contas do eleitorado com o presidente Jair Bolsonaro (PL), com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e com a Operação Lava Jato.
Devem estar na disputa pelo Planalto Lula e o juiz-símbolo da operação, Sergio Moro (Podemos), responsável pelas decisões que levaram à exclusão do petista da eleição passada e depois virou ministro do vencedor, Jair Bolsonaro — o grande beneficiado pelo cenário de terra arrasada na política brasileira que a operação deixou e também provável candidato à reeleição.
Os três, líderes em todas as pesquisas de opinião, deverão estar nas urnas, abrindo a possibilidade para que pela primeira vez a população possa dar, simultaneamente, seu veredicto sobre o papel de cada um na Lava Jato e na política brasileira.
A justiça do voto nem sempre corresponde à justiça dos tribunais, mas será interessante verificar como os valores positivos e negativos que a Lava Jato despertou na população nos últimos anos se refletirão nas urnas. E as campanhas já se preparam para isso.
Apesar de as pesquisas apontarem que a economia é a preocupação maior do brasileiro em 2022, o discurso lavajatista — e o seu contrário — estão nas falas dos três.
Não à toa o grande ato até agora da pré-campanha, o jantar que reuniu os opostos Lula e Alckmin (sem partido), em São Paulo, em 20 de dezembro, foi organizado por um grupo de advogados que se caracterizou por defender investigados da operação e atacar juízes e o procuradores que a lideraram.
Também não é coincidência que Lula venha se utilizando do espaço que a liderança folgada nas pesquisas lhe dá para acusar de parcial o julgamento que considera ter tido, assim como Moro tem utilizado o espaço retomado na mídia para se defender dessa acusação e atacar a cúpula do Judiciário pela ampla revisão que vem fazendo de condenações e dos métodos da operação.
Já Bolsonaro, o grande beneficiado do lavajatismo em 2018, afia o discurso para retomar o discurso moralista de quatro anos atrás e reavivar o antipetismo. Esse posicionamento é visto como uma das tábuas de salvação que lhe restam diante de fortes críticas sobre a condução da pandemia e ter endossado durante seu governo medidas que contribuíram para decretar o fim da operação que ajudou a elegê-lo.
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