Hosni Mubarak, ex-presidente do Egito que foi deposto em 2011, morreu nesta terça-feira (25) aos 91 anos, informou a TV pública do país.
Ele havia sido submetido a uma operação e ficou um mês sob cuidados intensivos, informou o canal de televisão –o anúncio foi feito com um breve alerta, sem oferecer detalhes, de acordo com a agência Efe.
Mubarak governou o Egito durante 30 anos, até ser deposto por uma onda de protestos contra ele em 2011. Ele ficou preso por seis anos, mas foi libertado depois de ser inocentado da maioria das acusações.
Morre o ex-presidente do Egito, Hosni Mubarak, aos 91 anos
Mubarak nasceu em 1928, na província de Menoufia. Ele entrou na Força Aérea do Egito em 1950. Dois anos depois, os militares derrubaram o rei Farouk.
Em 1967, Israel quase acabou com a Força Aérea do Egito, durante a Guerra dos Seis Dias. Depois disso, Mubarak se tornou o líder da academia da aeronáutica de seu país, com a missão de reconstruí-la para responder ao vizinho inimigo.
Foi o que os egípcios fizeram em 1973. Mubarak teve um papel importante no planejamento do ataque surpresa contra Israel, na Península do Sinai –a ofensiva que deu início à guerra de Yom Kippur.
O presidente egípcio de então, Anwar Sadat, o recompensou com o posto de vice-presidente em 1975.
Sadat assinou um acordo de paz com Israel e foi assassinado por militantes islâmicos em 1981. Mubarak estava ao seu lado, mas escapou ileso.
Eleições sem concorrentes
Como Mubarak era um líder militar, governou com base em uma lei de emergência que restringia direitos dos cidadãos. Seria uma medida para impedir a ação de militantes islâmicos.
Durante seu período à frente do Egito, Mubarak venceu três eleições como candidato único. Ele convocou uma quarta votação, em 2005, que admitiu rivais. Apesar de sair vitorioso também nessa ocasião, dessa vez ele foi acusado de ter manipulado o pleito.
Como presidente, Mubarak ordenou que o exército reprimisse motins de soldados nos anos 1980 e reconstruiu relações diplomáticas com outros países árabes, com quem o Egito havia rompido após o tratado de paz com Israel.
Em 1989, o Egito foi readmitido na Liga Árabe. A sede da entidade foi realocada para o Cairo.
Com dinheiro dos Estados Unidos, o Egito nunca abandonou a civilidade com Israel. Mubarak foi um mediador entre os israelenses e os palestinos durante seus anos de poder.
Isso fez com que ele se tornasse uma figura odiada no Oriente Médio. Depois que o grupo Hamas tomou controle de Gaza, que faz fronteira com o Egito, em 2007, os egípcios apoiaram um bloqueio do território.
Atos violentos cometidos por radicais islâmicos no próprio país foram uma justificativa para manter o estado policial no Egito. Houve ataques contra pontos turísticos em resorts no Mar Vermelho, e o próprio Mubarak escapou de atentados –em 1995, ele estava em um carro que foi alvejado na Etiópia.
A população quase dobrou durante os 30 anos em que ele esteve no poder, e a pobreza persistiu.
Reformas de mercado feitas pelo seu filho Gamal foram responsáveis por algum crescimento econômico nos últimos dez anos de Mubarak no poder. No entanto, houve acusações de corrupção por parte do seu partido, o Partido Democrata Nacional.
Em uma votação contestada em 2010, o Partido Democrata Nacional venceu uma eleição parlamentar e passou a controlar 90% do Legislativo. A Irmandade Muçulmana perdeu seus assentos no Parlamento.
g1