A cúpula do clima organizada pela Organização das Nações Unidas (ONU)começa neste sábado, 21, onde recebe representantes de 60 países. O Brasil, porém, não está entre eles. O motivo é que o país não mostrou interesse, disse o secretário-geral da ONU, António Guterresm ao jornal britânico Financial Times. O encerramento da cúpula, na próxima segunda-feira, 23, onde participam líderes mundiais, não terá a participação do presidente Jair Bolsonaro e do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
De acordo com Guterres, todos os países que enviaram um comunicado à instituição contendo “desenvolvimentos positivos” sobre o tema teriam tempo para falar na cúpula de segunda-feira. “Ninguém foi recusado”, disse ele. “Eles não apareceram.” Reino Unido, China, Índia e União Europeia são alguns dos participantes já confirmados. O Brasil está fora assim como Japão, Austrália, Arábia Saudita e os Estados Unidos, que já afirmaram o interesse de se retirarem do acordo climático de Paris.
A expectativa é a de que, no evento, sejam feitos mais de 60 novos anúncios climáticos. Os lançamentos, no entanto, competirão com outros assuntos que devem dominar o encontro, como as tensões globais, incluindo a guerra comercial entre EUA e China, e os conflitos no Oriente Médio. Neste sábado, a conferência foi aberta por jovens ativistas.
“Estamos testemunhando simultaneamente o aquecimento global e o aquecimento político global, e as duas coisas são combinadas”, disse Guterres. “E às vezes eles interagem entre si”, acrescentou o secretário-geral, apontando como as mudanças climáticas podem exacerbar desastres naturais e conflitos humanos.
Sobre os protestos de sexta-feira, inclusive na Antártica, pedindo aos governos que tomem ações mais urgentes e reduzam as emissões, a ativista sueca de 16 anos Greta Thunberg, que inspirou o movimento de protesto, disse aos manifestantes de Nova York ontem que eles não eram apenas alguns jovens que faltam à escola ou alguns adultos não vão trabalhar.
“Somos uma onda de mudança”, afirmou. “Se você pertence a esse pequeno grupo de pessoas que se sente ameaçado por nós, temos más notícias para você, porque este é apenas o começo. A mudança está chegando, gostem ou não”, prometeu.
Evento
A cúpula climática da ONU é o ponto mais alto de mais de um ano de trabalho de Guterres, que fez da mudança climática sua assinatura à frente da instituição. No entanto, ele também tentou diminuir ontem as expectativas sobre quais novos compromissos climáticos específicos serão feitos. “Não espero que os anúncios feitos agora sejam uma descrição já detalhada e completa – que será em 2020”, disse. “A cúpula precisa ser vista em um continuum.”
O próximo ano é o prazo final para os países que assinaram o acordo de Paris endureçam suas metas, conhecidas como contribuições determinadas nacionalmente. “O que gostaríamos de ver nesta cúpula são pessoas anunciando que gostariam de aumentar sua ambição em 2020”, disse Guterres.
Embora quase todos os países do mundo tenham assinado o acordo climático de Paris, que visa a limitar o aquecimento global a um nível bem abaixo de 2°C, os compromissos climáticos atuais sugerem que o mundo está muito longe de atingir esse objetivo, e no caminho de 3°C de aquecimento ou mais até o final do século.
(Com Estadão Conteúdo)