De férias no Piauí, a médica piauiense Marina Bucar, que ganhou destaque nacional por ajudar a criar o protocolo de tratamento precoce contra a covid, usando a cloroquina, afirmou que as variantes impõem um cenário de incertezas no mundo. Mesmo com os estudos que apontam que os medicamentos do chamado “kit covid’ são ineficazes no tratamento contra a covid-19, ela voltou a defender o protocolo com uso de hidroxicloroquina e azitromicina, considerados ineficazes pelo Ministério da Saúde, pela OMS (Organização Mundial de Saúde) e cientistas nacionais e internacionais.
Marina Bucar vive há 15 anos na Espanha e conversou com equipe do Cidadeverde.com.
A médica, que atua como internista no Hospital Puerta del Sul, em Madrid, ganhou destaque ao longo da pandemia, chegou a conceder entrevistas em veículos nacionais e se tornou uma das especialistas mais procuradas para debater questões relacionadas ao combate à pandemia.
Apesar de reconhecer que não existem efeitos satisfatórios em pacientes hospitalizados, Marina Bucar avalia que há evidências que apontam que o uso dos medicamentos na fase inicial continua fundamental para evitar colapsos em sistema de saúde como o do Brasil, que sofre com diversas carências.
“A primeira proposta no mundo foi com a Cloroquina e Azitromicina, que realmente não se viu que é ineficaz. O que se viu é que ela é a mais vulnerável hoje, que ela tem menor benefício, porque reduz 20%, e realmente não é estatisticamente significativa. Ser estatisticamente significativa, não significa que é ineficaz. Em estatística, só se fala de ineficácia se é um tratamento causa mais malefício que benefício, ou seja, que aumenta a mortalidade. Isso não existe para nenhum fármaco da covid até o dia de hoje. […] Realmente, agora, eu acho que existem outros fármacos mais benéficos, mas continuo achando, principalmente em lugares com recursos escassos, como é o nosso país, que continua sendo benéfico reduzir a quantidade de pacientes que, potencialmente, necessitam de hospital”, defendeu a médica, que também disse que recomendou o uso do protocolo para familiares.
“Na minha família, eu sim recomendei hidroxicloroquina, junto com outros fármacos. Isso é uma coisa anedótica, mas é para dizer que realmente não é ineficaz, mas existem outros fármacos que tem mais benefícios”, completou Marina Bucar ao defender a autonomia dos médicos para definirem a melhor forma de tratamento.
Na semana passada, o Ministério da Saúde admitiu, em nota técnica enviada à CPI da Covid-19 no Senado, que os medicamentos do chamado “kit covid’, como Hidroxicloroquina e Azitromicina são ineficazes no tratamento contra o coronavírus. Um documento publicado em maio, e também elaborado pelo ministério com auxílio de especialistas, não recomenda o uso de medicamentos para o tratamento de pacientes hospitalizados com Covid-19.
Fotos: Roberta Aline
Marina Bucar também destacou que tem acompanhado os estudos clínicos com um remédio chamado proxalutamida, um bloqueador de hormônios masculinos inicialmente testado para tumores de mama e próstata e alvo de estudos recentes para o tratamento da Covid. Segundo ela, os resultados são animadores.
“É um fármaco com potencial muito bom. Já se mostrou muito benéfico. Se mostrou nos ensaios clínicos uma redução do risco de mais de 90% de mortalidade em homens e 86% em mulheres. isso é muitíssimo”, destacou.
Ainda na entrevista, a médica, natural de Floriano, comentou a repercussão que ganhou em todo o país por causa do protocolo que ajudou a criar. Entre críticas e elogios que recebeu, ela avalia que deu uma contribuição para o combate da doença, mas diz que não esperava tanto reconhecimento.
“Não esperava. como tudo era online, pelo celular, ou por plataformas, a gente não vê as pessoas. Sempre senti que as pessoas tinham muito carinho por mim, pelas mensagens. Mas agente não tem a dimensão. Passei vários meses sem nem pensar nisso, porque era tão grande a turbulência, aquela adrenalina de tentar salvar vidas”, disse a médica, que possui 70 mil seguidores no Instagram.
Férias no Piauí
Marina Bucar está no Piauí desde o início do mês de julho. Em Floriano, sua terra natal, além de visitar familiares, ela também foi homenageada com uma medalha concedida pela prefeitura do município pela contribuição que deu ao Hospital Regional Tibério Nunes nas ações de combate à covid-19.
No Piauí, ela também dialogou com médicos e outros profissionais de saúde a respeito de possibilidades de tratamento para a covid-19 e sobre o atual cenário pandemia no Brasil e no mundo.
Foto: Reprodução/Instagram
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